Criança com autismo tinha dificuldade de demonstrar afeto - então família adota um gato
Por Ana Caroline Haubert em Comportamento
O que começou como uma simples visita a um abrigo de animais em Pittsburgh acabou mudando completamente a vida de Kai, um menino de quatro anos diagnosticado com autismo não verbal nível 2.
Lutando para se expressar, demonstrar afeição e se conectar com o mundo ao seu redor, Kai encontrou em um gatinho cinza chamado Boo não apenas um companheiro, mas uma ponte para a comunicação e o afeto.
A decisão de adotar um animal de estimação surgiu por sugestão da terapeuta ocupacional de Kai, que trabalha com crianças dentro do espectro autista.
A profissional sugeriu a interação com um pet como forma de estimular a empatia e a comunicação.
Foi o primeiro passo de uma transformação que ninguém da família esperava que fosse tão profunda.
“Nosso terapeuta comportamental percebeu que o Kai tinha dificuldade em perceber os sentimentos dos outros, em demonstrar empatia”, contou Erin, mãe do menino. “Foi aí que surgiu a ideia de procurar um gatinho.”
No abrigo, a conexão aconteceu de maneira quase mágica. Kai, mesmo sem usar palavras, comunicou-se de forma silenciosa e poderosa com dois gatinhos, mas foi Boo quem tomou a iniciativa que mudaria tudo.
“Nós não escolhemos Boo”, relembra Erin. “Ele escolheu o Kai. Assim que o colocaram no chão, ele correu direto para o colo dele.”

Desde aquele primeiro contato, os dois se tornaram inseparáveis. Boo passou a acompanhar Kai em todos os cantos da casa, e a convivência diária gerou frutos surpreendentes.
Pouco tempo depois da adoção — que aconteceu pouco antes do Halloween, o feriado preferido do menino — Kai começou a apresentar avanços significativos na fala.
Hoje, ele já trabalha com fonoaudiólogo e patologista da linguagem regularmente, e sua evolução tem sido visível a cada semana.
“Antes, ele se frustrava com muita facilidade, porque sabia o que queria, mas não conseguia expressar”, explica a mãe. “Agora, ele está mais leve, mais sorridente e muito mais feliz.”
O convívio com Boo também ensinou Kai a compreender sinais não verbais, a respeitar o espaço do outro e a demonstrar carinho — algo que, para ele, era muito desafiador antes da chegada do novo amigo.
O gatinho, por sua vez, parece entender intuitivamente o comportamento de Kai. Mesmo sendo naturalmente arisco com outras pessoas, Boo aceita ser abraçado, carregado e até vestido pelo menino.
“Eles têm uma ligação que não se pode explicar”, diz Erin. “Boo é diferente com o Kai. É como se eles realmente se entendessem, cada um no seu mundo, mas unidos.”
A história viralizou após Erin compartilhar fotos do filho com o gatinho na rede social Reddit, no subreddit r/MadeMeSmile.
A publicação recebeu milhares de curtidas e dezenas de comentários emocionados.
“Os gatos mandam, e esse escolheu seu filho”, escreveu um usuário.
Outro, que trabalha com educação especial, relatou experiências semelhantes entre crianças neurodivergentes e animais.
Para Erin, o retorno foi surpreendente.
“Eu só queria compartilhar uma imagem fofa de dois amigos”, comentou. “Mas ao incluir um pouco da história do Kai no título, acho que as pessoas conseguiram enxergar algo maior: como a conexão entre um menino e um gato pode ser poderosa e transformadora.”
A relação entre Kai e Boo é mais do que uma amizade. É um exemplo comovente do impacto que o amor incondicional — mesmo o de quatro patas — pode ter na vida de uma criança em desenvolvimento.
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