Abrigo comove ao mostrar cachorrinhos de porte pequeno que até hoje tiveram zero interessados

Muitos animais resgatados envelhecem em abrigos esperando por uma chance.

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em Proteção Animal

Nos bastidores silenciosos dos abrigos de animais espalhados pelo Brasil, há um padrão que se repete e comove: cães pequenos, muitos deles dóceis e prontos para o convívio familiar, seguem esquecidos.

Enquanto algumas adoções são feitas em questão de horas, outros animais — mesmo sendo de porte P — continuam invisíveis.

O desabafo veio à tona no dia 28 de março, através de um vídeo publicado pelo perfil oficial da SOVIPA (Sociedade Viçosense de Proteção aos Animais), organização localizada em Viçosa, Minas Gerais.

No post, o responsável pela ONG expôs um contraste doloroso entre o discurso popular e a realidade vivida pelos cães sem raça definida.

Tobias, um cãozinho de 10 kg com aparência próxima à de um Lulu da Pomerânia, teve nada menos que 170 pessoas interessadas em adotá-lo.

Segundo o abrigo, muitos alegam querer apenas cães de porte pequeno devido à limitação de espaço ou por morarem em apartamentos. Mas se o porte é realmente o critério principal, por que tantos vira-latas P seguem ignorados?

Essa é a questão central levantada pelo abrigo. No mesmo vídeo, aparecem outros cães de porte semelhante — todos sem raça definida — que continuam sem despertar o interesse do público.

  • Marrye, cadelinha preta de 10 kg, zero interessados.
  • Jolie, com 12 kg, zero interessados.
  • Bolinha, com 13 kg, também nenhum.
  • Carlos Eduardo, de 11 kg, apenas dois.
  • Pérola, caramelo de 10 kg, mais dois.
  • Margarida, 11 kg, nenhum.
  • Guru, 7 kg, também segue sem pretendentes.

O contraste é ainda mais marcante ao observar que cães de raça e até mesmo de maior porte têm tido maior facilidade em encontrar lares.

Isso levanta uma reflexão sobre como padrões estéticos e preferências superficiais continuam sendo barreiras para a adoção consciente.

Internautas deixaram seus comentários apoiando e reforçando o tema do vídeo.

“Quem procura por raça n deveria nem poder adotar, pra mim quem procura por raça n gosta de animais.”, comentou Ester.
“Lembrando de quando eu levava a Polly (poodle) num pet e ela SEMPRE ganhava petisco, levava a Belinha (SRD) no mesmo pet e ela NUNCA ganhou petisco.”, relatou Lu.
“Engraçado que golden cabe em apartamento neh”, acrescentou o perfil do Instituto Villa Pet.

No desabafo, a legenda do vídeo provoca:

“E vamos de hipocrisia… será que a busca é somente por porte P? Ou por raça? Porque temos cães P sem raça disponíveis por tanto tempo? E por que cães grandes de raça são adotados mais rápido? Esse velho hábito retira dos vira-latas a oportunidade de uma adoção e condena matrizes a viverem na crueldade. Mas e aí, quem quer raça, também é de raça?”

O ponto alto da publicação se dá quando o abrigo encerra com uma frase direta e dolorosa:

“Enquanto você busca por raça, eles envelhecem buscando por um lar.”

Ao final a ONG faz um apelo. Todos os cães mostrados no vídeo (exceto Tobias, já adotado) seguem disponíveis para adoção responsável. Interessados podem entrar em contato pelo número: (31) 9 9708-8499.

Em tempos em que se fala tanto sobre empatia e responsabilidade, o caso exposto pela SOVIPA reforça uma pergunta essencial: por que o amor ainda precisa de pedigree?

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Jornalista formada pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Gosta de livros, animais e é vegetariana.