Após 5 meses sem aceitar carinho, cão que viveu em abrigo sorri pela 1ª vez e emociona tutora
Ringo foi resgatado ainda filhote e não sabia o que era ser um cachorro de estimação.
Por Beatriz Menezes em Aqueça o coraçãoAdotar um cão adulto pode ser um gesto transformador, tanto para o animal quanto para o tutor. Muitos desses cães carregam traumas e experiências difíceis, mas, com paciência e amor, são capazes de renascer para uma nova vida. Ringo é um desses exemplos comoventes.
Depois de passar mais de 700 dias no Lucky's Legacy Rescue, um abrigo na Romênia, ele encontrou um novo lar nos Estados Unidos e, após cinco meses de adaptação, finalmente se permitiu receber carinho e demonstrar afeto.
A história de Ringo ganhou visibilidade após ser compartilhada pela responsável pelo santuário animal Juniper Wildlife Refuge, na Flórida. Acostumada a acolher animais selvagens e domésticos em situações de vulnerabilidade, ela se comoveu com o passado de Ringo e decidiu adotá-lo.
Desde que perdeu seu irmão, Domino, vítima de babesiose — doença grave transmitida por carrapatos —, o cãozinho tornou-se arisco, fechado e resistente ao contato humano.
Apesar de ter à disposição um amplo quintal, um canil confortável e a companhia de outro cão, Ringo não aceitava toques, não brincava e evitava até mesmo entrar na casa.
A nova tutora precisou de extrema dedicação: sentava-se ao seu lado por horas, deitava ao sol com ele e respeitava seu tempo.
Só após cinco meses o cão demonstrou pela primeira vez felicidade ao vê-la, com um sorriso e o rabo abanando, e passou a pedir carinho espontaneamente.
A tutora compartilhou em vídeo o momento em que Ringo finalmente permitiu ser acariciado.
“Cinco meses atrás eu não conseguia tocá-lo. Ele não comia na frente de ninguém, tinha medo de entrar em casa. Mas veja como ele está agora”, escreveu emocionada.
Depois da adoção, ela decidiu fazer um teste de DNA para entender melhor as origens de Ringo. Com quase 45 quilos e características de raças de montanha, esperava-se que ele tivesse descendência de cães como o Bucovina Shepherd ou Great Pyrenees.
No entanto, o resultado foi inconclusivo, provavelmente devido a várias gerações de cruzamentos. O mais importante, no entanto, foi o resultado de saúde: Ringo não apresenta nenhuma das 272 condições genéticas testadas.
Com amor e paciência a tutora conquistou a confiança do cão
A adaptação de Ringo foi um processo longo e exigiu muito esforço emocional. Foram 14 horas de estrada, seis horas na alfândega e uma chegada ao novo lar ao amanhecer. Inicialmente, ele ficou por uma semana em um cercado separado para se recuperar da viagem.
Começou aos poucos a aceitar a presença da tutora, abanando o rabo e comendo da mão dela. Em seguida, passou a uivar à noite, mostrando que sentia falta de companhia. Por nunca ter dormido sozinho, foi solto no quintal, onde seu novo irmão canino, Howie, o ajudou a aprender a brincar e agir como um cachorro comum.
Howie teve papel fundamental no processo de socialização de Ringo. Com paciência e persistência, conquistou a confiança do novo companheiro.
Ringo passou a explorar o quintal, a cavar buracos, roubar sapatos e até latir para o tutor homem da casa, demonstrando personalidade e segurança.
Ainda assim, ele demorou dois meses para entrar pela primeira vez na residência. A tutora se deitava na grama todos os dias, esperando que ele tomasse coragem, até que finalmente, há poucos dias, ele atravessou a porta e entrou.
A história de Ringo é um lembrete de que cada animal tem seu tempo e que o amor e o respeito podem transformar vidas.
Seu sorriso hoje é o reflexo de uma jornada de superação, que inspira tutores e reforça a importância da adoção consciente, especialmente de cães adultos e traumatizados.
Sobre o Juniper Wildlife Refuge
O Juniper Wildlife Refuge é um santuário sem fins lucrativos localizado na zona rural de Tallahassee, Flórida, dedicado a animais selvagens norte-americanos que não podem mais retornar à natureza.
O local oferece recintos naturais, cuidados individualizados e até mesmo a oportunidade de conviver dentro da casa da família mantenedora.
Além disso, colabora com centros locais de reabilitação, auxiliando na criação de filhotes e na soltura de animais em propriedades protegidas. O santuário acredita que, ao mostrar a individualidade de cada animal, é possível promover a empatia e a conservação.
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