Moradores de cidade gaúcha ficam indignados após prefeitura separar cães comunitários; vídeo

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Dois cãezinhos que viviam juntos numa praça de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, foram subitamente separados pela prefeitura local, gerando revolta na população.

Alguns frequentadores da Praça das Flores reclamaram que os cães estavam 'mordendo' quem visitava o espaço.

Lilica e Negão foram abandonados na rua após diversas adoções frustradas. Eventualmente começaram a receber cuidados dos moradores e comerciantes do entorno da praça.

"Em alguns comércios eles têm um ponto com cobertor para poderem tirar uma soneca, tomarem uma água e se alimentarem. Contam também com acompanhamento veterinário constante e, no nosso entender, eles estão bem cuidados comunitariamente", disse Marcos Formentini, comerciante que possui uma loja próxima à Praça das Flores.

Os moradores que cuidam da dupla dizem que eles são dóceis e nunca se separam. Mas a história de dois cachorrinhos de bairro acabou tendo uma virada polêmica: no mês passado, a prefeitura decidiu recolher a Lilica depois de ter recebido reclamações.

"Muitas pessoas foram mordidas e alguns animais também foram atacados por ela. Claro que ela não causa grandes agravos, mas causa pequenos ferimentos que necessitam de vacina anti-rábica, anti-tetânica e antibióticos. Então é bastante importante que um animal com essas características não ficar na rua como um animal comunitário", disse Analiz Zattera, veterinária da Vigilância Ambiental de Bento Gonçalves.

A prefeitura disse que além das reclamações de pessoas que teriam sido mordidas, a própria Lilica estaria recebendo ameaças e, por segurança, o município decidiu recolher a cachorrinha. Só que essa decisão causou revolta entre os moradores que defendem a permanência dela na praça, junto com o amigo Negão.

O assunto dividiu opiniões.

"Aqui é um local comunitário: é rua, é pública. Eles têm o direito de ir e vir e a comunidade, como um todo, tem o dever de aceitá-los, porque eles são vidas", disse a massoterapeuta Rubenildde Scotton.

Já a empresária Liane Márcia Braun, discorda.

"Eu na verdade acho que esse não seria o local ideal para os cachorros. Eles deveriam ter um lar sim, onde eles possam receber alimentação e carinho [...]".

Existe uma lei estadual que regulamenta a situação dos animais comunitários - aqueles que são adotados pela comunidade. No entanto, uma pessoa deve se apresentar como tutora responsável pelo animal.

"A primeira coisa que as pessoas que desejam fazer com que um cão se torne comunitário, é vir até a prefeitura e cadastrá-lo, responsabilizando-se por ele", explica Analiz.

Em Bento Gonçalves, segundo a prefeitura, não há animais cadastrados como 'comunitários'. E sem encontrar um responsável, o município decidiu recolher Lilica.

Ela foi acolhida em um lar temporário fora da cidade e vem sendo acompanhada por um adestrador, para que possa se adaptar com a família que queira adotá-la.

Já o Negão chegou a ser adotado, mas fugiu e voltou para a praça. Só que mesmo com todo o carinho que recebe de quem passa por lá, sem a antiga companheira, os moradores dizem que ele tem ficado triste e solitário.

"Nosso pedido é que eles sejam adotados juntos porque eles têm essa convivência [de anos]", afirmou Marcos.

Um detalhe é importante: eles precisarão ficar em um espaço cercado para que não haja novas fugas, mantendo os dois juntinhos.

Saiba mais assistindo a reportagem abaixo:

Gabriel Pietro têm 20 anos, é redator e freelancer. Fundou o Projeto Acervo Ciência em 2016, com o objetivo de levar astronomia, filosofia e ciência em geral ao público. Em dois anos, o projeto alcançou milhões de internautas e acumulou 400 mil seguidores no Facebook. Como redator, escreveu para vários sites, como o Sociologia Líquida e o Segredos do Mundo. Ainda não sabe se é de humanas ou exatas, Marvel ou DC, liberal ou social-democrata. Ama cinema, política, ciência, economia e música (indie). Ainda tentando descobrir seu lugar no mundo.