Conheça Kuri, uma raça de cachorro extinta

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Os Kurī eram uma espécie de cão que habitava a Nova Zelândia, mas que hoje em dia, são uma lembrança do passado.

De acordo com a Enciclopédia da Nova Zelândia, Te Ara, foi por volta do século XIII que os cães foram levados para o país. Os Kuri chegaram à ilha em canoas, levados pelos ancestrais do povo Māori, que migraram da Polinésia.

O povo Māori é um grupo indígena da Nova Zelândia, considerado uma parte essencial da identidade e da sociedade do país. Eles são conhecidos por suas habilidades em navegação e construção de canoas, que lhes permitiram realizar viagens oceânicas de longa distância.

Esses cães da raça Kurī eram reconhecidos por seus pelos longos e encantavam com seu tamanho compacto, pernas curtas e cauda felpuda. Entre as cores de suas pelagens, podiam ser encontrados os tons de preto, branco e misturas diversas.

Uma característica interessante é que, em vez de latir, os Kurī uivavam, e o povo Māori tinha uma palavra específica para descrever esse som - 'auau'.

A cultura Māori é rica em tradições, mitos, lendas, arte e cerimônias. Sua mitologia é repleta de deuses, heróis e histórias de criação que desempenham um papel fundamental em sua identidade cultural.

Esses cães tiveram uma importância significativa na cultura dos Māori. Histórias tradicionais mencionam que o guardião dos Kurī era uma divindade chamada Irawaru.

Segundo a lenda, o semideus Māui ficou irritado com a preguiça de Irawaru e transformou-o em um cão, puxando suas orelhas, nariz e costas para dar a forma canina.

Outra história curiosa envolvia o explorador polinésio Kupe, que teria trazido cães para a Nova Zelândia. Uma lenda relatava como um cão pulou da canoa Tokomaru durante a noite e guiou a embarcação até as margens da Nova Zelândia com seus uivos, indicando aos marinheiros o caminho a seguir.

Contudo, nem todas as histórias eram de bom presságio. Relatos contavam que dois Kurī de pedra assombravam o Lago Taupō, e se os navegantes os confundissem com cães reais e os chamassem, uma tempestade se formaria, levando à tragédia com o afundamento das embarcações.

Os Kurī eram utilizados pelos Māori em diversas atividades. Eles eram uma fonte importante de alimento para o povo. A carne era apreciada pelo sabor, comparado ao de cordeiro.

Além disso, os peles eram utilizadas para fazer capas, e os ossos eram transformados em anzóis de pesca e colares.

De acordo com o Museu da Nova Zelândia Te Papa Tongarewa, o pelo branco desses cães era muito valorizado, utilizado em vestimentas e amarrado em armas, possivelmente para fins de ornamentação.

Além de suas utilidades práticas, os Kurī também tinham um papel simbólico e espiritual na cultura dos Māori. Eles eram sacrificados em rituais para agradar aos deuses e eram considerados alimentos sagrados para os sacerdotes.

A extinção dos Kurī ocorreu ao longo do tempo, provavelmente devido ao cruzamento com cães trazidos pelos europeus a partir do início do século XIX.

Com o tempo, esses cruzamentos resultaram em sua raridade progressiva até a completa extinção.

Apesar de não estarem mais presentes fisicamente, os Kurī continuam a ser lembrados através das histórias e lendas transmitidas pelos Māori, mantendo vivo o legado desses cães especiais da Nova Zelândia.

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