Saiba por que os gatos não são os vilões da esporotricose; biólogo desmistifica mito e explica contágio

Conheça a verdadeira causa da esporotricose e como proteger sua saúde e a de seus felinos

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Você provavelmente já ouviu falar do aumento dos casos de esporotricose, uma doença contagiosa que afeta tanto seres humanos quanto cães e gatos.

No entanto, é fundamental esclarecer que os gatos não são os responsáveis por essa condição, mas sim as suas vítimas.

O biólogo Ricardo Martins Santos, formado em Biologia pela UNITAU e mestre em Ciências da Imunologia pela USP, concedeu uma entrevista ao Amo Meu Pet e explica as razões por trás disso.

O que é a Esporotricose?

A esporotricose, também conhecida como a "doença dos jardineiros", é uma condição que afeta seres humanos e diversas espécies de animais domésticos e silvestres.

Essa micose é causada por um fungo que habita o solo, palha, vegetais, espinhos de roseira e madeira em decomposição.

"O Sporothrix schenkii, causador da esporotricose, é um fungo dimórfico, ou seja, ele possui duas formas, uma unicelular e outra pluricelular. Em ambas as situações, ele pode causar doenças nos animais. Esse fungo tem distribuição mundial, mas é mais comum em regiões tropicais e subtropicais. O fungo adora temperaturas altas para poder crescer e está presente no ambiente", resume o biólogo.

Como a Esporotricose é transmitida?

Ricardo salienta que os gatos não são os vilões quando se fala no contágio da doença. Afinal, ela está no ambiente e pode ser transmitida diretamente.

"O gato não é o vilão, todos os animais estão suscetíveis a esse fungo. A esporotricose é contagiosa quando o homem a possui, pois pode transmitir para os animais, e quando os animais a têm, também podem contagiar os humanos. O contágio é direto, ou seja, ocorre quando se entra em contato com a ferida da pele", esclarece Ricardo.

Para a Sociedade Brasileira de Dermatologia, os gatos podem ser mais associados ao contágio pelo costume de lavar-se diversas vezes, além de lamber os outros animais e humanos.

"Esses animais têm o costume de se esfregar e lamber uns nos outros, e esse comportamento colabora para a disseminação da esporotricose – não só entre eles, mas também entre gatos e humanos”, aponta um artigo da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

No entanto, o biólogo ressalta que os gatos são mais associados a esse problema por conta da forma que desenvolvem a doença.

"O gato é mais sensível, pois as lesões aparecem no rosto dele e chamam mais atenção, mas tanto o homem, equinos e cães também podem sofrer com a esporotricose", explica Ricardo.

Sintomas da Esporotricose

A esporotricose apresenta sintomas variados, dependendo da espécie afetada. Nos felinos, os sinais mais comuns são: lesões ulceradas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e podem evoluir rapidamente.

"No gato, o que chama atenção é que as lesões aparecem no rosto e principalmente no nariz do animal. Por isso, ele tem um 'quezinho' com a esporotricose", diz Ricardo.

Em seres humanos, a infecção normalmente se limita à pele, mas em casos graves, pode se espalhar pela corrente sanguínea, atingindo ossos e órgãos internos.

"Os sintomas estão relacionados com as lesões na pele e nas regiões linfáticas. Raramente se torna generalizada; normalmente é uma lesão que acontece na pele e fica limitada naquele lugar. Em algumas situações, em pacientes imunocomprometidos, as lesões podem aparecer em várias regiões do corpo", esclarece Ricardo.

Tratamento e prevenção

É importante destacar que a esporotricose não é uma doença grave e é curável. O tratamento deve começar o mais cedo possível. O registro de mortes em humanos é raro, sendo mais comum em pessoas com imunidade comprometida. O tratamento inadequado também pode levar à morte dos animais.

Portanto, é crucial buscar ajuda médica ou veterinária rapidamente. Para prevenir a disseminação da esporotricose, é essencial tratar quem está infectado, evitar o contato com suas lesões e adotar medidas de higiene, como lavar as mãos após interagir com suspeitos de estarem infectados.

"Higienização da pele, lavagem correta das mãos e evitar o contato direto com feridas dos animais são medidas importantes. Os animais não têm a mesma rotina de higiene que os humanos, tornando-os mais suscetíveis ao contágio", finaliza Ricardo.

Conclusão

Em resumo, os gatos não são os vilões da esporotricose, mas sim vítimas dessa doença. A conscientização sobre suas causas, transmissão e prevenção é fundamental para proteger a saúde dos felinos e a de seus tutores.

Ao notar qualquer sintoma suspeito em seu pet ou em você mesmo, não hesite em procurar ajuda médica ou veterinária.

Redatora.